Os resistentes à emigração
31-01-2013 20:52
São jovens, portugueses, qualificados, fazem parte de uma das estatísticas mais altas neste período de recessão, a do desemprego jovem (39%).
Da crise retiram a força motriz para iniciativas únicas e inovadoras.
Subaproveitados , mantêm a esperança em Portugal e esperam dias melhores.
Fotógrafa profissional e com residência artística em Berlim, Ana Teles de 23 anos,faz da crise uma oportunidade e mantém firmes as raízes que a ligam a Portugal. Numa altura de fluxo emigratório acentuado, Ana tenta fintar a escolha óbvia e o estatuto de desempregada. “Sinto imenso carinho pelo meu país, pela minha família e amigos. Esse é sempre o senão da minha vontade de emigrar”, desabafa.
Com um percurso académico ligado às artes, procurou fazer face às dificuldades económicas e à precaridade com a criação de um projecto sustentável, nascia o Be more. Com o lado artístico activo e motivada pela frase “Do More, Be More”, a iniciativa, nascida há um ano, pretende ir ao encontro de “pessoas que partilhem um espírito, forma de estar na vida e personalidades vincadas”, diz Ana, e acrescenta que “uma das formas de o fazer é através dos acessórios”.
Consciente das dificuldades transversais a todos os sectores da sociedade portuguesa, vê na audácia e coragem na criação de novos projectos, um caminho a seguir por todos os jovens portugueses.
André Vilas Boas, natural de Barcelos, é licenciado em design gráfico.
Arranjar emprego, um ano depois de terminado o curso, é a principal prioridade do jovem de 22 anos. No entanto enfatiza as “enormes dificuldades” em conseguir um emprego estável e reconhecedor. “Em Portugal há trabalhos precários, temporários e mal pagos, acho difícil construir ou planear o futuro”, desabafa.
Apesar das dificuldades, André manteve o espírito empreendedor e activo. Juntamente com o colega de curso Mário Meira, criou a empresa Melatonin Studio. O projecto, um estúdio de design multidisciplinar, presta serviços de produção e edição de vídeo, bem como todo o tipo de criação de novas marcas. "Julgo que os jovens portugueses têm capacidades para competirem com os melhores e criarem empresas únicas, só que os apoios necessários não existem", declara. Chega a colocar e hipótese de abandonar o país onde “o trabalho é respeitado”.
Melatonin Studio from Melatonin Studio on Vimeo.