Mário Camarão:"As redes sociais existem desde que nascemos"
26-11-2012 17:54Sustentado na teoria de ciberespaço de Pierre Levy, o investigador Mário Camarão considera que o que somos no real não é diferente do que somos no virtual. "Não há divisão entre os dois mundos, há uma linha ténue entre eles", sublinha. O espaço do real não pode ser considerado somente o espaço da verdade. Para ele, o espaço do virtual, onde se inserem as redes sociais online e os contactos com elas feitos, podem ser tão verdadeiros como os reais ou em off-line, acrescentando que "as redes sociais existem desde que nascemos".
Doutorado em Cibercultura e Redes de Comunicação, deu na passada segunda feira dia 19 , uma palestra sobre as redes sociais aos alunos de ciberjornalismo do terceiro ano de Ciências da Comunicação na Universidade do Minho. Enfatizou três conceitos essenciais à compreensão de como funciona este mundo de interacção digital: a builderização, o ciberactivismo e a pornocultura.
Com a era da tecnologia digital e com o online, o ser humano fez uma extensão da comunicação face-to-face. Criaram-se as 'redes sociais', os sites de partilha de conteúdos. São exemplos o facebook, o orkout, o twitter, entre vários outros. Através deles, hoje é possível difundir a nossa opinião e vê-la compartilhada pela rede de amigos e por várias redes sociais, dependendo dos interesses e dos motivos da partilha de informação.
A builderização, traz outro novo conceito: prosumer. Um prosumer é um produtor / consumidor de informação. É criado como que um "building" através da colaboração/ compartilhamento que é feito dos conteúdos. No facebook, por exemplo, partilha-se imagens, colabora-se em causas através do 'passa a mensagem'. De uma pessoa/entidade/empresa cria-se conteúdo que é partilhado na rede social pelos amigos, os amigos dos amigos e entra noutras redes, contacta com outras pessoas das redes sociais, que em comum com o primeiro, tem a colaboração por uma causa. É o ciberactivismo. Como diz Mário, "não é só uma rede que agrega pessoas. Conectam-se todos como uma epidemia a que ninguém está imune."
O papel do jornalismo e do jornalista
A internet permitiu que várias pessoas comuns pudessem interagir e elas próprias criar conteúdos. Mas como fazer o controlo do que é informação em relação aos outros conteúdos?
Atualmente os média tradicionais possuem também sites on-line para chegar ao público. É normal os utilizadores lerem os artigos jornalísticos partilhados por amigos e entrarem em debates no espaço de comentários criado para a interacção .
Com a facilidade na criação de conteúdos, há que separar o que é informação real procurando fundamentar com factos, de meros rumores e boatos. Para o investigador, esse é o papel atual do jornalista.
As redes sociais off-line são mantidas através de capital social de manutenção. Existe um investimento afectivo com o qual criam-se os laços afectivos. Estes investimentos fazem o site das redes sociais online manterem a interacção entre a rede social off-line: contacto entre os amigos, os colegas de trabalho, a família. Cria-se a própria rede de amigos, alguns dos quais considerados virtuais pelo facto de apenas ter contacto através da internet.
Segundo Mário Camarão, " precisamos das redes para poder viver, sem elas não temos a essência natural humana" acrescentando ainda que "as redes sociais vão até morrermos".